A Associação Nacional de Escritores – ANE, além de ser a mais antiga instituição cultural de Brasília, deu origem a outras entidades, como a Academia Brasiliense de Letras e o Sindicato de Escritores no Distrito Federal. Nasceu no dia 21 de abril de 1963, na Livraria Dom Bosco, de Francisco Scartezini Filho (na SCRS 108). Figuravam entre os fundadores, além de Almeida Fischer, nomes de expressão nacional como Cyro dos Anjos, Pompeu de Sousa, Alphonsus de Guimaraens Filho, Nelson Omegna, Victor Nunes Leal, Afonso Felix de Sousa, Carlos Castello Branco, Christiano Martins, Cândido Motta Filho. Posteriormente, filiar-se-iam personalidades como Eugênio Gomes, Samuel Rawet, Zila Mamede, João Alexandre Barbosa, Cora Coralina, Adriano da Gama Kury, Sylvio Elia, Pereira Lira, Roberto Lyra Filho, José Godoy Garcia, Luiz Beltrão, Adalício Nogueira, Oscar Mendes, Dinah Silveira de Queiroz, Alberto da Costa e Silva, Fritz Teixeira de Salles, Antônio Girão Barroso, Waldemar Lopes, H. Dobal, Bernardo Élis, Antonio Roberval Miketen, António Campos, José Aparecido de Oliveira, Patrícia Bins. O número de associados ascende, hoje, a cerca de 340, entre vivos e mortos. Dos escritores “brasilienses” mais conhecidos, muito poucos, arredios, restam fora de seus quadros.
Em 13 de março de 1965 se realizou a primeira reunião de diretoria. Eram presidente e vice-presidentes Cyro dos Anjos, Almeida Fischer e Alphonsus de Guimaraens Filho. O pioneirismo na congregação dos intelectuais de Brasília cabe à Associação Nacional de Escritores. Mas não se petrificou a ANE nem se isolou como entidade representativa. Órgão seminal das principais sociedades literárias locais, de seu seio surgiram as Academias Brasiliense e do Brasil, a Associação Profissional, depois Sindicato dos Escritores no Distrito Federal, e o Clube de Poesia de Brasília.
As atividades da Associação têm compreendido, sobretudo: realização de concursos, seminários e conferências; representações, leituras de poesia e prosa; organização de encontros de escritores, e de edições; intervenções diversas em questões de interesse social e cultural; colaboração com outras entidades literárias. Goza, hoje, de situação ímpar entre essas, não só por sua tradição, mas também pela excepcionalidade de uma condigna sede própria.
Merece um parêntese a história da luta pela sede, quase tão longa quanto a da própria ANE. A mais antiga das entidades culturais de Brasília, tendo tido por primeiro endereço a Livraria Dom Bosco, na Rua da Igrejinha, foi mais tarde abrigada pelo Clube de Imprensa. Por alguns anos funcionou no Teatro Nacional, onde, embora precárias, contava com instalações como um pequeno auditório e com alguns móveis para o funcionamento da secretaria (além de uma geladeira, indispensável para a movimentação dos trabalhos, conforme pensava, com toda a razão, o fundador…). Depois esteve em sala alugada na 415 Sul; essa fase e a anterior valeram-lhe melhores condições para o cumprimento de finalidades como a realização de palestras, lançamentos e outras atividades culturais (que, de resto, nunca deixou de realizar, com a ajuda de outras instituições, nomeadamente o Instituto de Cultura Hispânica e a Biblioteca Demonstrativa de Brasília).
Tendo-se tornado inviável a permanência na 415, passou a reunir-se em casas de associados e, de modo mais precário mas afinal bastante divertido, em bares-restaurantes nas CLS 107, 106, 406 (o extinto Macambira, que assistiu a um período dos mais interessantes da vida da entidade, embora, por contraste, dos de menos recursos materiais; foi, também, o período derradeiro de Fischer entre nós). Houve também o Primo Gato (igualmente finado), na 405 Sul. Ainda hoje as reuniões sociais, isto é, não de trabalho, se fazem num deles, a Germana, da 314 Sul (já conhecida entre os associados como GermANE…), nas noites de terça-feira. Falta dizer que ocupou, de 1991 a 1993, construção provisória erguida em terreno de sua propriedade (milagre de que se dá notícia adiante), e, em 1994 e 1995, duas salas do Edifício Assis Chateaubriand.
Uma história, como se vê, agitada e pitoresca, marcada pelas carências que são a vala comum de nossas entidades de cultura. Na gestão do Prefeito Plínio Cantanhede (tínhamos, então, uma prefeitura, ainda não um governo com ares estaduais) e sendo presidente da ANE Almeida Fischer, aconteceu um fato auspicioso: a doação, por intermédio da Novacap (atual Terracap), de terreno nobre, em frente ao Colégio Elefante Branco e à Escola Normal, ao lado do Instituto de Cultura Hispânica. Ao fim de alguns anos de perplexidade (que fazer, sem dinheiro, do terreno?), de tentativas de retomada do lote e de uma contenda judicial galhardamente vencida pelos sócios advogados Antonio Carlos Osorio e Henriques do Cerro Azul, a ANE, afinal, ante a impossibilidade evidente de edificá-la sozinha, assinou contrato de permuta com uma corporação local: renunciava, em favor desta, a grande parte do prédio, mas obteria a sua sede própria e definitiva.
E assim é que, desde 1996, mercê dos esforços das diretorias presididas por Alan Viggiano, Napoleão Valadares e Danilo Gomes, se vê senhora do belo Edifício Escritor Almeida Fischer (SEPS 707/907, Lote F, CEP 70390-078). A partir dessa conquista, pode-se esperar para a Associação o advento de sua idade de ouro, superados os problemas de mera subsistência material que afligem a quase totalidade das congêneres: o aluguel das salas a isso destinadas lhe permitirá, como antes apenas sonhado, cumprir com a devida e desejada eficácia a integralidade do papel que lhe cabe em nossa vida cultural.