Sandra Maria
Ela
mulher aparecida
da lama escura
da vida dura
sofrida
no desapego
de quem não tem nada
só nada e medo
Anulada indefesa
alvo predileto do cravo
escuso
pregado na pobreza
do teu corpo
no apelo medonho
do abuso
despida de amor
de amor e sonho
Que a voz da fêmea
acolhida
entoe ressoe ecoe
solidária
amiga
nos sons nos podres
na cura
de toda ferida
de toda ferida e dor
“Mulher!
Eis aqui a mão! Levanta-te!
Eis aqui a água! Lava-te!
Eis-nos aqui
por ti
por ti e por todas nós!”