A poesia filosófica de Diego Mendes Sousa
Fabio de Sousa Coutinho
“La lecture est une amitié.”
Marcel Proust
A leitura dos poemas de Diego Mendes Sousa remete, sem atalhos, à definição lapidar do grande Murilo Mendes: “O poeta é o prático do espiritual”. Diego, universal a cada verso, escravo e senhor de sua pungente criação literária, já havia ingressado, há algum tempo, no seleto grêmio dos artistas da palavra que tiram partido do sonho e dele fazem uma profissão de fé.
Agora, com a publicação de Gravidade das Xananas, o vate piauiense escancara sua maturidade artística, ofertando aos leitores um livro de extrema beleza e sensibilidade, para ser lido e relido, amado, respeitado e admirado, exatamente como uma pessoa. Construídos com rigorosa e crescente correção formal, os versos de Diego Mendes Sousa portam forte carga poética, transmitida de imediato e por inteiro a quem, confessando que a vida não basta, os lê. E vale muito a pena lê-los, pois incluem-se, longe de qualquer favor, entre os mais arrebatadores da literatura que se produz no Brasil, neste limiar do século XXI.
Em sua fatura lírica, Diego perpassa emoções, reflexões e elucubrações, caracterizando-se como mais um filósofo da Ars Poetica brasileira, jamais negligenciando os princípios éticos e estéticos que costumam nortear a obra de seus maiores mestres e inspiradores. Gravidade das Xananas é, a rigor, a confirmação de uma vocação que se revelou precocemente e, hoje, ainda antes de tornar-se balzaquiana, já evidencia o acerto de quantos previram, há meia dúzia de anos, a vitória da boa poesia na pena firme, lúcida e convicta de um bardo a caminho de inescapável consagração em âmbito nacional. Habemus Poetam!